O dia 8 de março aproxima-se e, com ele, temos mais um dia para reflexão sobre a conquista dos direitos das mulheres, mas também sobre o caminho que ainda falta ser trilhado. No 8M deste ano, escolhemos pensar nas mulheres inventoras e ma situação atual das mesmas.
Segundo um estudo divulgado pela BBC (https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-49919509), menos de 13% dos pedidos de patentes do mundo é de autoria de uma mulher. Isso equivale a apenas uma mulher inventora para cada sete homens. Nesta tendência, apenas seria possível alcançar uma igualdade de género em 2070!
Já no Brasil, o índice de mulheres autoras de artigos científicos chega a 49%, mas a ala feminina é minoria em áreas como a ciência da computação e matemática.
Acredita-se que essa diferença ocorra devido à deficiência no campo de estudos científicos em ciências, engenharia e matemática. Contudo, vemos também outros pontos que impedem as mulheres de participarem nestes campos de STEM, como, por exemplo, a falta de suporte em casos de pessoas grávidas ou mesmo a falta de apoio em casa, que faz com que as mulheres sofram com a dupla (ou algumas vezes tripla) jornada e acabem por desistir de investir nestes campos vistos como maioritariamente masculinos. Há ainda muita falta de incentivo na cultura como um todo, que desde o começo ensina as crianças que há “coisas de menino” – normalmente incentivando a inovação, criação, resolução de um problema – e “coisas de menina” – normalmente voltadas para o cuidado de pessoas, da casa, focadas na beleza física.
Outro ponto importante foi levantado pela WIPO no artigo “Bridging the gender gap in Intellectual Property” (https://www.wipo.int/wipo_magazine/en/2018/02/article_0001.html), que nos lembra que muitas destas áreas focadas nos investimentos de depósito de patentes são áreas tradicionalmente consideradas masculinas, como artes, engenharia, ciências, sempre deixando de lado áreas que sempre foram consideradas femininas, como artesanato, costura, tricô e outras formas de arte que até recentemente foram excluídas do foro de matérias patenteáveis como direitos autorais.
Mesmo quando as mulheres insistiam em patentear as suas invenções, eram proibidas por lei e desencorajadas pela sociedade, o que levou a diversos depósitos feitos em nome de pais, irmãos e maridos. Felizmente, já avançámos muito desde a época em que as mulheres não tinham permissão para terem qualquer propriedade no seu nome, mas podemos ver o quanto essa divisão inicial coloca todas nós em desvantagem ainda hoje.
As perdas referentes a essa desvantagem não são apenas das mulheres. Publicações como a “Patent filings: where are the women” (World Intellectual Property Review, 13/04/2020) enfatizam o aviso dos especialistas em diversos ramos: sem a participação ativa de toda a sociedade, perdemos diversos talentos que podem ajudar-nos em muitos dos problemas atuais da humanidade e aumentar o nosso potencial como espécie. Segundo o diretor-geral da WIPO, Francis Gurry: “sem a igualdade de género, a humanidade não pode alcançar todo o seu potencial inovador e criativo” (tradução livre).
Nós, na R&A TranslatorsTM, acreditamos que apenas num mundo realmente igualitário teremos mais avanços benéficos para todos. Quanto mais mulheres temos em todas as áreas, mais pluralidade de pensamentos e, portanto, mais ideias surgirão. Lutamos para que esse dia chegue o quanto antes.
FONTES:
– https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-49919509
– https://www.wipo.int/wipo_magazine/en/2018/02/article_0001.html
– https://www.wipo.int/wipo_magazine/en/2018/02/article_0008.html
– https://www.worldipreview.com/article/patent-filings-where-are-the-women?success_login=1
– https://www.worldipreview.com/news/female-inventors-doubled-in-last-20-years-ukipo-report-18710